Lacerda, Alcir Lins Carneiro (São Lourenço da Mata - Pernambuco)

Vida: 
1927 a 2012
País: 
Brasil
Autor: 
Aryanny Thays da Silva
Campo de atuação: 
Fotografia Social
Fotografia Científica
Fotojornalismo
Fotografia Publicitária
Fotografia Documental
Trajetória fotográfica: 
JM Monteiro
Laboratorista na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco
Foto Cine Clube do Recife (FCCR)
Acê Filmes
Ítalo Bianchi Publicitários Associados
Free lancer para o Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, Revista Fatos e Fotos, O Cruzeiro, Veja e Placar
Revista Manchete
Destaques: 
Fotografia “E o amanhã?” premiada pela Revista Realidade (1973)
Fotografias “Duas épocas” e “Amor em ruínas” premiadas no I Salão de Fotografia em Pernambuco (1976)
Exposição “Homenagem ao mestre Alcir Lacerda – a foto na grafia do JC” (1997)
Exposição “Tamandaré dos pescadores de sonhos e de peixes” (2001/2002)
Coleção Pirelli/MASP de Fotografia (2005)
Livro “Alcir Lacerda Fotografia” (2012)
Exposição “Homenageados do Carnaval do Recife 2013 - Alcir Lacerda e Naná Vasconcelos” (2013)
Exposição “Alcir Lacerda : Olinda em preto e branco” (2013)

 

Alcir Lins Carneiro Lacerda nasceu em 20 de setembro de 1927, no Engenho Concórdia em São Lourenço da Mata, cidade metropolitana do Recife. Ainda criança mudou-se com a família para a capital pernambucana e passou a residir no Bairro de Caxangá, onde cresceu em meio às paixões pelo futebol e pescarias.

O interesse pela fotografia surgiu na juventude: começou a fotografar com uma Rolleiflex emprestada de uma vizinha, e seus primeiros cliques foram feitos nos jogos de futebol nos bairros vizinhos e nas festas de aniversário de amigos. A partir de então, Alcir Lacerda era chamado com frequência para registrar eventos comemorativos.  Nesse entremeio, o jovem que sonhava ser jogador de futebol resolveu torna-se fotógrafo.

Após os dezoito anos adquiriu sua primeira máquina fotográfica: uma Kodak, passando a investir o que recebia com as fotos em novos filmes, o que o permitiu continuar fotografando. Por volta de 1949 passou a trabalhar na JM Monteiro - empresa encarregada por elaborar cópias heliográficas e fotoestáticas – e teve seu primeiro contato com o laboratório de fotografia. Ao revelar seus próprios filmes foi aperfeiçoando sua técnica fotográfica.

Na década de 50 integrou o Foto Cine Clube do Recife, de Alexandre Berzin. Fotógrafo letão independente que desenvolveu seu trabalho no Recife entre 1928 e 1979, produzindo imagens que registravam, em grande parte, aspectos culturais de Pernambuco. Para Alcir Lacerda, Berzin foi um importante mestre do saber fotográfico e a instituição criada por ele criou a oportunidade de divulgação da arte fotográfica realizada no Estado. 

Já em 1957 Lacerda passou a fazer fotografia científica para a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), registrou através de microscópios os doentes e cadáveres - o que possibilitou sua nomeação como técnico no laboratório da biblioteca da Faculdade de Medicina. Nesse mesmo ano e acumulada sua experiência fotográfica, fundou juntamente com Clodomir Bezerra a ACÊ Filmes, agência que seria responsável por criar um acervo visual considerável e que deixou entrever nuances da história recente da sociedade pernambucana. Apesar de profundamente ligados ao universo jornalístico, juntos produziram no espaço da ACÊ Filmes fotografias de cunho essencialmente social, menos política em seu estado latente e mais direcionada à vida cultural e cotidiana do Recife.

A inserção no fotojornalismo se efetivou no ano de 1962 quando passou a fotografar para a Revista Manchete, antes já tendo realizado trabalhos como free lancer para o Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, Estado de São Paulo e Revista Fatos e Fotos, Cruzeiro, Placar, entre outras. É na ACÊ Filmes que inicialmente se instalavam as acomodações da sucursal da Manchete sob a direção do jornalista Fernando Cascudo. A partir desse momento o fotógrafo passou a viajar o norte-nordeste fazendo uma quantidade variada de fotorreportagens sobre os avanços dos governos repressivos infligidos pelo regime militar; a fome e pobreza característica de algumas localidades e também os encantos daquilo que merecia ser visto segundo os interesses da agência jornalística a que estava vinculado.

Participou em 1971, da inauguração da Ítalo Bianchi Publicitários Associados, que foi fundamental para a profissionalização da fotografia publicitária em Recife, Lacerda participou de campanhas para a Ítalo Bianchi, Star Publicidade, Abaeté Propaganda e outras .  Em 1973 teve uma fotografia premiada na revista Realidade, intitulada “E o amanha?” que chegou a ser divulgada em vários meios de comunicação, incluindo a Time Life. Já em 1976 teve duas fotografias (“Duas épocas” e “Amor em ruínas”) premiadas no I Salão de Fotografias de Pernambuco promovido pelo Departamento de Cultura, da Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco.

Na década de 1980 foi por duas vezes presidente da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de Pernambuco, promovendo nesse período diversos cursos e eventos sobre a fotografia. Na década seguinte esteve envolvido intimamente no movimento e luta da classe jornalística, sendo membro do Conselho de Ética dos Jornalistas de Pernambuco.

Em 1997, em comemoração aos seus 70 anos recebeu homenagem dos fotógrafos do Jornal do Commercio. Liderados pela então editora de fotografia Renata Victor, montou-se a exposição “Homenagem ao mestre Alcir Lacerda – a foto na grafia do JC” , instalada na Galeria Observatório Arte Fotográfica.

Na virada do ano de 2001/2002 realizou um grande sonho ao inaugurar a Exposição “Tamandaré dos pescadores de sonhos e de peixes”, patrocinada pela Prefeitura Municipal de Tamandaré. Alcir Lacerda tem, desde a década de 1950, uma relação de muita proximidade com essa praia e seus pescadores, de forma que constituiu um acervo importantíssimo sobre parte da história de Tamandaré durante 60 anos.

Ainda em completa atividade, em 2004, aos 76 anos, o fotógrafo participou de uma expedição ao rio São Francisco patrocinada pela Chesf. Como parte do projeto “Opará dos Caetés: as cores do São Francisco em preto e branco”, idealizados pelos fotógrafos Teresa Branco e Severino Silva, a expedição percorreu 3,2 mil quilômetros em caminhonete, embarcações e helicóptero. Lacerda produziu cerca de 1.200 negativos, 120 mm, em preto e branco. Também neste mesmo ano foi inaugurada a sala “Alcir Lacerda” dedicada a exposições fotográficas na Torre Malakoff, em Recife.

Alcir Lacerda tem ainda fotografias na Coleção Pirelli/MASP de Fotografias, edição 2005. A coleção é bastante representativa da fotografia brasileira dentro de um panorama contemporâneo.

O fotógrafo veio a falecer em setembro de 2012, poucos dias antes de seu aniversário de 85 anos. Em outubro foi lançando um livro “Alcir Lacerda Fotografia”. Organizado por sua filha Albertina Malta, a obra traz os registros de seis décadas de experiência fotográfica do autor em temas como a cidade, o sertão, o interior e sua paixão pela praia de Tamandaré.

Já em 2013 foi escolhido como homenageado do carnaval de Recife juntamente com Naná Vasconcelos recebendo preito no Galo da Madrugada e numa exposição de fotografias realizada no Paço Alfandega no Recife Antigo. Também foi destaque, em março de 2013, na exposição “Alcir Lacerda: Olinda em preto e branco”, realizada em torno das comemorações do aniversário de 478 anos da cidade de Olinda.

 

 

Referências: 
Alcir Lacerda – Cronologia biográfica, Acê Filmes (Material impresso)
Silva, Aryanny Thays. Pesquisa de iniciação científica desenvolvida para o Projeto “Memórias do Fotojornalismo Contemporâneo” coordenado pela profª. Ana Mauad no Laboratória de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense (Labhoi-Uff).

 

 

ISBN: 978-85-63735-10-2