Venturelli, Luiza (Auriflama - São Paulo)

Vida: 
1947
País: 
Brasil
Autor: 
Meyre V. Teixeira
Campo de atuação: 
Fotografia artística
Fotojornalismo
Fotografia denúncia
Trajetória fotográfica: 
Jornal de Brasília
Correio Braziliense
Jornal dos Sports
“Freelancer” para a revista Veja e Exame
Professorada de Comunicação Social na UnB
Destaques: 
Primeira mulher a fotografar num estádio em Brasília
AGIL Fotojornalismo
Vice-presidente da União dos Fotógrafos de Brasília, no inicio da década de 1980

 

Luiza Venturelli nasceu em 22 de agosto de 1947, na cidade de Auriflama localizada no noroeste de São Paulo. Filha de um comerciante e agricultor. E, foi durante a faculdade que teve o seu primeiro contato e identificação com a fotografia. Entretanto, foi trabalhando no jornal de Brasília que ela começou a exercer essa profissão.

Luisa Venturelli era a filha caçula de uma família de seis irmãos no total. E foi uma das pioneiras na família a ingressar numa universidade. Já exercendo a profissão de professora – devido ao curso de normalista que fez durante o seu segundo grau - veio para São Paulo, capital, dar prosseguimento aos seus estudos. Fez o curso de Belas Artes na Pinacoteca de São Paulo em 1970.

Assim, que acabou a universidade, casou-se e foi morar em Brasília[1]- cidade onde ela ampliou a sua identificação com a fotografia. Vale salientar que, o tempo em que ela estudou no CRESÇA[2] foi fundamental para a sua formação. O professor Kim-Ir- Sen foi quem lhe ensinou como manusear uma câmera fotográfica[3].

Em meados da década de 1970, Venturelli foi trabalhar no Jornal de Brasília. Segundo Venturelli, este foi o seu primeiro emprego como fotógrafa. Portanto, o tempo que atuou no Jornal de Brasília serviu para fortalecer a sua relação com a fotografia.  Posteriormente, trabalhou no Correio Braziliense e no Jornal dos Sports.

Na época em que trabalhou no Jornal dos Sports, ela foi à primeira mulher a entrar num estádio em Brasília para fotografar as partidas de futebol. Enfrentou alguns constrangimentos, mas revolucionou dentro da sociedade machista da época. É nesse trabalho que se percebe uma inclinação da fotógrafa na produção de uma fotografia artística, mais preocupada em demonstrar a arte do futebol, do que simplesmente o gol. Depois, trabalhou numa revista de arte do Rio de Janeiro[4] e, também como freelancer das revistas Veja e Exame.

Entre o final da década de 1970 e inicio dos anos de 1980 surgiu a AGIL Fotojornalismo – (Agência de Imprensa Livre -), na qual Luiza participou durante um bom período, incluindo o de formação.

No final dos anos 70, Venturelli vai estudar na França. Vale ressaltar que antes disso, ela organizou uma exposição chamada Brasília: Vista por seus fotógrafos[5]. Durante, o tempo em que esteve na “Cidade-Luz” teve a oportunidade de entrar em contato com a produção fotográfica dos franceses Henri Cartier-Bresson e Robert Doisneau que passaria a influenciar bastante o seu trabalho[6]. Para Venturelli, o período em que passou na França foi importante na sua formação, pois ela aprendeu a aperfeiçoar o seu olhar, tornar-lo mais afinado. A fotojornalista sublinha que, considera que sua maior produção fotográfica foi durante a sua primeira passagem na França, entre o final da década de 1970 e o começo dos anos 80.

Em 1982, Luiza Venturelli regressa ao Brasil. Assim que chegou Milton Guran[7] lhe falou da oportunidade de trabalhar na UnB[8]. Prestou o concurso interno da instituição e foi aprovada. Exerceu o cargo de professora do Departamento de Comunicação da UnB, ministrando as disciplinas obrigatórias de Introdução a Fotografia e Fotojornalismo[9].

Na sua primeira fase na UnB, entre 1982 até 1989, Venturelli sempre lutou dentro da faculdade pela criação de um departamento de fotografia.  Ela se considera bastante engajada porque lutava pelo reconhecimento da fotografia dentro da universidade. Sempre procurava demonstrar a importância da fotografia para a publicação dos textos, que a fotografia possui uma linguagem própria, qual era a relevância da fotografia na área de Comunicação Social dentro do mundo acadêmico e, principalmente para os futuros jornalistas. Ela juntamente com outros professores contribuiu para a mudança de olhar que se tem sobre a fotografia no campo do jornalismo.

Em 1978, foi criada a União dos Fotógrafos de Brasília[10], na qual Venturelli faz parte de grupo dos fotojornalistas que fundaram essa instituição. Porém, foi durante os anos 80, que concorreu a um cargo na presidência, junto com André Dusek, na União dos Fotógrafos[11]. Inicialmente, não tinha interesse em participar da chapa, pois não acreditava que poderia ser vitoriosa. A chapa que se aliou com Dusek[12] chamava-se “Chapa contra o Luís Humberto”. E, ao contrário de suas expectativas, a chapa ganhou e durante alguns anos exerceu o cargo de vice-presidente da UFB.

Nesse período, Venturelli buscava trazer a União dos Fotógrafos para a UnB e vice e versa. Encontrou algumas dificuldades nesse percalço, entre elas uma resistência não apenas por parte dos estudantes de jornalismo, a respeito de sua percepção sobre a fotografia, mas também dos próprios fotógrafos, pois estes mantinham um certo distanciamento da universidade. Mas, essa sua luta obteve alguns louros, pois conseguiu promover alguns encontros de Fotografia dentro da faculdade. Embora soubesse do distanciamento que existia entre a faculdade e o mercado de trabalho de atuação dos fotógrafos reconhece que o seu trabalho foi importante para a criação de uma ponte, trazendo à academia para dentro do cotidiano do fotógrafo, assim como a prática do fotógrafo pra dentro da universidade.

No final da década de 1980, Venturelli retorna à França para realizar o seu doutorado. A construção do discurso político através das fotografias, com base em alguns jornais brasileiros, é o tema que permeia a discussão de sua tese. Porém, devido a alguns problemas de saúde, voltou ao Brasil sem ter conseguido concluir seu trabalho.

Nesse ínterim, voltou a dar aulas na UnB e participou de uma mesa redonda em Campinas, São Paulo, cujo tema era: A Universidade Brasileira e o Ensino de Fotografia. Em 2002, Venturelli se aposenta da UnB e passa a se dedicar ao Café que o seu marido abriu em Brasília, chamado Café Daniel Brian. É neste Café que ela destina um espaço para promover exposições artísticas, sobretudo fotográficas. Já recebeu inúmeros trabalhos, como dos fotógrafos Milton Guran e André Dusek.

Atualmente, possui um projeto junto com o seu marido para elaborarem um livro cuja temática é gastronômica-fotográfica-turística. Um dos trabalhos já produzidos referentes a esse projeto é sobre a comunidade dos Kalunga da Chapa dos Veadeiros localizada em Goiás. Embora, não esteja atuando constantemente no mundo fotojornalístico, a fotografia faz parte de sua vida, de sua essência, e reconhece que essas mudanças tecnológicas possuem algumas vantagens - como no caso do Iphone e a facilidade de carregar uma câmera digital – e algumas desvantagens - por exemplo, o Fotoshop.


[1] Até hoje a fotojornalista ainda mora no Distrito Federal.

[2] Centro de realização Criadora,cujo um dos dirigentes foi o professor Kim-Ir-Sen Pires Leal.

[3]Conforme ela aponta na entrevista realizada no dia 13 de outubro de 2012, pela professora Silvana Louzada, disponibilizada no arquivo do LABHOI.

[4] Luiza Venturelli apenas citou que trabalhou por pouco tempo nessa revista, mas não disse o seu nome.

[5] Essa exposição é muito importante para a fotojornalista, pois consta o seu trabalho sobre o “Lixão” de Brasília, que pode ser considerado um dos seus primeiros trabalhos de fotografia-denúncia.

[6] De acordo com Venturelli, esses fotógrafos são as grandes referências no seu trabalho. Disponível em: < http://luizaventurelli.com/>. Aceso em: 29 de março de 2013.

[7] Antropólogo, fotógrafo e professor universitário.

[8] O curso de fotografia da UnB voltou a ser ministrado, após sete anos de suspensão, sob a coordenação do professor de Cinema, Pedro Jorge de Castro, como Luiza Venturelli apontou em sua entrevista, depositada no arquivo do LABHOI. Porém, antes de trabalhar na UnB, Venturelli trabalhou junto com o fotógrafo Luis Humberto no Sara Kubitscheck, no setor de Fotografia, em Brasília.

[9] Ainda hoje, no campus,  tais disciplinas se encaixam juntamente com outras relacionadas à fotografia dentro das disciplinas obrigatórias do curso de Comunicação Social – Jornalismo - curso presencial e diurno ,localizado no campus Darcy Ribeiro.Disponível em: <https://matriculaweb.unb.br/matriculaweb/graduacao/curriculo.aspx?cod=8362>. Acesso em: 30 de março de 2013).

[10] Segundo consta no site da Rede de Produtores Culturais de Fotografia no Brasil. Disponível em: < http://rpcfb.com.br/wp/realizadores/uniao-brasilia/>. Acesso em: 29 de março de 2013.

[11] Pelo que tudo indica, essa chapa formou-se e candidatou-se no inicio dos anos de 1980.

[12] Foi eleito presidente da União dos Fotógrafos de Brasília entre os anos de 1983 e 1984. Disponível em: <http://www.sjpdf.org.br/noticias-teste/46-eventos/1012-sjpdf-realiza-pri.... Acesso em: 30 de março de 2013.

 

Referências: 
Acervo LABHOI - Entrevista concedida em 13 de Outubro de 2012.
Rede de Produtores Culturais de Fotografia no Brasil. Disponível em: <http://rpcfb.com.br/wp/realizadores/uniao-brasilia/>. Acesso em: 29 de março de 2013.
SJPDF. Disponível em: <http://www.sjpdf.org.br/noticias-teste/46-eventos/1012-sjpdf-realiza-primeira-edicao-de-2013-do-cozinha-fotografica>. Acesso em: 30 de março de 2013.
UNB: Currículo das disciplinas do Departamento de Comunicações Sociais, do Curso de Jornalismo. Disponível em:<https://matriculaweb.unb.br/matriculaweb/graduacao/curriculo.aspx?cod=8362>. Acesso em: 30 de março de 2013).
VENTURELLI, Luiza. Disponível em: < http://luizaventurelli.com/>. Aceso em: 29 de março de 2013.

 

 

ISBN: 978-85-63735-10-2