Benedicto, Nair (São Paulo - São Paulo)

Vida: 
5/01/1940
País: 
Brasil
Autor: 
Marcus Vinicius de Oliveira da Silva
Campo de atuação: 
Fotojornalismo
Trajetória fotográfica: 
Agência F4
Agência N Imagens
Destaques: 
Fundação da Agência F4

Nair Benedicto nasceu no dia 05 de janeiro de 1940 na cidade de São Paulo. Seus pais, João e Maria, eram descendentes de italianos e viviam, antes de migrarem para a capital, em Jarinú – no interior paulista – onde nascera seus 7 irmãos. A maior liberdade dada a seu único irmão homem em relação a todas as outras 7 filhas, favoreceu a formação do seu olhar na questão feminina, a qual é uma marca de sua produção fotográfica.

Ingressou na segunda turma da Escola de Comunicação e Artes das USP em 1968. Ganhando alguns prêmios de roteiro e direção na faculdade. Teve uma atuação no movimento estudantil e foi presa devido ao apoio logístico dado à ALN. Foi parceira de cela de Dilma Rousseff, durante um tempo, e foi solta depois de nove meses – por volta de 1969-70.

Formada, a princípio, queria atuar em rádio e televisão, pois as imagens sempre lhe chamaram a atenção, entretanto queria trabalhar de forma independente, sem ser funcionária de uma empresa. Mas, na época, o custo alto para arcar com os equipamentos lhe fez buscar emprego em emissoras. Contudo, a marca de ser uma ex-presa política impedia de ficar por mais de um mês nos trabalhos, mesmo tendo apoio de alguns diretores. Assim, a fotografia aparece como um meio para solucionar a questão: trabalhar com imagens, sem depender de ninguém. 

Sua primeira exposição fotográfica registrava a presença nordestina em São Paulo, sendo exposta no mesmo lugar que fotografou: o Forró do Mário Zan, o qual não existe mais. A exibição recebeu a visita do diretor do Museu de Arte Moderna de Nova York, que estava visitando a cidade, e comprou 5 fotos suas para o acervo do museu. Este fato contribuiu para sua entrada no meio fotográfico, visto a grande repercussão nos ambientes fotográficos e jornalísticos.

O trabalho inicial de freelancer como fotógrafa para jornais e revistas e as questões enfrentadas quanto ao trabalho fotográfico no Brasil foram fatores que contribuíram para se organizar com um grupo de fotógrafos para pensar uma nova forma de atuar nessa área.

A Agência F4 – uma das agências independentes que surgem nos anos 1970-80 – é inaugurada em 1979, com Juca Martins, Nair Benedicto e Ricardo Malta, como membros fundadores e trabalhando apenas para a cooperativa. A ideia mestra era uma produção pautada, editada e guardada pelo próprio fotógrafo, além de buscar a valorização da profissão, a defesa dos direitos patrimoniais do autor e a implantação de um novo contrato de licença de reprodução para as redações dos jornais e revistas. As fotos feitas pelos fotógrafos passavam a pertencer agora ao mesmo, e não mais as redações. Durante o tempo que existiu a agência, continuou a trabalhar com revistas e jornais, não como funcionária delas, mas sim como uma colaboradora. Concedendo o material, prioritariamente, para eles a partir de um contrato.

Destaca-se nesse período que ficou na cooperativa, as coberturas de cunho social e realizadas de forma independente, como os registros fotográficos da FUNABEM que resultou num livro na época, chamado A questão do Menor, publicado com outra obra que foi coautora, A greve do ABC. Esse material possuía um carácter de denúncia, marca tanto da agência, quanto de Benedicto. Paralelamente, a esse trabalho com fotografia, Benedicto realizou trabalhos audiovisuais junto à agência. Destacam-se dois com temáticas que discutem a questão feminina: O prazer é nosso, que trabalha sobre a questão do prazer da mulher – este chegou ao centro de Simone Beauvouir em Paris; e Não quero ser a próxima, o qual traz a questão de violência doméstica.

Caracterizando seu trabalho como um encontro de influências, Nair Benedicto destaca que o fato de ser mulher, o que, em alguns casos, fez com que a tratassem como uma pessoa de segundo time, e o amadurecimento obtido durante esse período de profissão e de vida aprimorou e formou seu olhar engajado na atuação do ato de fotografar. Este ainda é exercido na Agência N Imagens na qual é editora e fotógrafa. 

Referências: 
http://www.agenciaf4.com/. Acessado em 29/11/2013
Acervo LABHOI - Entrevista concedida em 21 de Junho de 2010.
Acervo LABHOI - Conferência FOTORIO em 08 de Agosto de 2011.

 

 

ISBN: 978-85-63735-10-2