Abrunhosa, Orlando (Belém - Pará)

Vida: 
21/07/1941
País: 
Brasil
Autor: 
Marcus Vinicius de Oliveira da Silva
Campo de atuação: 
Fotojornalismo
Publicidade
Trajetória fotográfica: 
Jornal O Dia
Manchete
Revista Fatos & Fotos
Freelancer
Diário Popular
Destaques: 
Prêmio Esso com a reportagem “Por que o homem mata?”
Prêmio de melhor foto da Copa de 1970

Orlando Abrunhosa nasceu em 21 de julho de 1941 em Belém, Pará. Filho de um encarregado geral de navio de carga e de uma professora de bordado. Fotojornalista reconhecido e com trabalhos na área de publicidade, aos nove anos, emigra para o Rio de Janeiro com seus pais e seus 3 irmãos. Chegando à cidade, vai morar no bairro do Santo Cristo. Realizou o ensino primário no local, o ginásio no Colégio Pedro II e fez um curso chamado Artigo 91, que consistia no científico em um ano. Pretendia ser químico, entretanto com o falecimento de seu pai e a necessidade de trabalhar, teve que adiar o sonho e começar a trabalhar como sapateiro. Aprendeu o ofício numa fabriqueta próximo a sua casa, e o exerceu dos 11 anos até os 18.

Durante essa fase costumava ir às rádios prestigiar seus ídolos da música, se autodenominando “macaco de auditório”, uma vez que comparecia aos programas de auditório para bater palmas para eles. Um dia quando foi visitar seu irmão – também fotógrafo – na Manchete, se deparou com artistas que prestigiava e, diante disso, conversou com seu irmão a fim de conseguir um estágio e assim iniciou sua trajetória de fotógrafo aos 18 anos.

Começando como estagiário no laboratório fotográfico, em três meses é efetivado como aprendiz de laboratorista na Manchete. Aprendeu todo o processo fotográfico no laboratório, desde a parte química de revelação e ampliação da foto, como também a parte técnica de obtenção do registo. Este, desenvolvendo, principalmente, quando acompanhava outros fotógrafos que admirava o trabalho, como José Avelino..

Trabalhou no laboratório de fotografia do jornal O Dia, não abandonando o trabalho na Manchete, pois ser fotógrafo desta era seu sonho. Nas duas empresas trabalhava como laboratorista e auxiliava os fotógrafos nas coberturas, nesse período já pensava as fotos para as reportagens, sugerindo e tirando-as com sua Canon de lente 0.95, pois não gostava de utilizar flash nos seus registros, diferente de outros colegas de profissão. Entretanto a autoria dessas fotos não lhe era concedida.

Seu estilo de fotografar algo mais trabalhado e pensado lhe rendeu o apelido de Poeta da Câmera, na época. Sua primeira cobertura fotográfica foi o Campeonato Mundial de Basquete no Maracanãzinho para O Dia obtendo reconhecimento e destaque dentro do periódico; a ponto do dono do jornal – o governador Chagas Freitas – contratá-lo também para fazer a sua campanha politica. Nesse período, Abrunhosa trabalhava tanto em coberturas fotográficas do jornal O dia, quanto em inaugurações de obras públicas feitas pelo governador.

Por não gostar de utilizar o flash, desenvolveu técnicas fotográficas para trabalhar com a luz ambiente sem prejudicar o registro, além de buscar diminuir o grão das fotos com seu revelador ultra-gran fino, assim, dando um tom diferente às imagens. Aprendeu as técnicas com o livro La visión óptica e testava-as em registros que realizava para esse fim. Seu trabalhado foi sendo reconhecido pelos seus colegas de profissão e outras editoras, inclusive a Manchete, a qual o contratou para seu quadro de fotógrafos.

O Primeiro Festival de Chopp do Rio de Janeiro foi sua estreia como fotógrafo da Manchete, sendo a cobertura publicada na Revista Fatos & Fotos e recebendo elogios pelo registro. Dias depois, é chamado para fazer a cobertura do jantar na casa do embaixador dos EUA – Lincoln Gordon – no qual estaria a alta sociedade e também seu chefe Adolfo Bloch. Esse trabalho foi parabenizado pelo próprio Bloch e, assim, cresce seu reconhecimento dentro da empresa, a ponto de trabalhar somente em grandes coberturas e reportagens encomendadas.

Fez reportagens com pautas mais ou menos fechadas e coberturas em diversos países como Argentina, China, Egito, EUA, Inglaterra, Japão, México, Peru, além de ganhar prêmios como o Prêmio Esso com a reportagem “Por que o homem mata?” e a melhor foto da Copa de 70 na qual registrou Pelé socando o ar com Jairzinho e Tostão.  Desenvolveu um efeito fotográfico – foto zoomada [1]– que chamou a atenção da Agência de Publicidade Thompson, sendo solicitado para fazer a campanha do Cigarro Continental, por volta dos anos 1964-65, pois esta desejava aplicar este efeito. Esse foi o início do seu trabalho na área de publicidade, sem sair do quadro de fotógrafos da Manchete. Atuou, também, fotografando artistas e na produção de capas de discos, como de Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Gilberto Gil, Joanna, Jorge Bem Jor, Maria Bethânia.

Em 1974, quando sai da Manchete, se dedica a trabalhos publicitários, dentre eles as campanhas da Fiat Lux, Souza Cruz, Continental, Philips e Albany. Seu retorno ao meio jornalístico ocorre quando a Manchete lhe faz um convite para ser editor de fotografia, em torno de 10 anos após sua saída. Não fica muito tempo nesse cargo, pois preferia fazer as reportagens. Permaneceu nela até sua falência em 2000. Destaca, desse período, a grande reportagem que fez dos sítios arqueológicos indígenas norte-americano, nos Estados Unidos.

Sua criação em um ambiente musical lhe trouxe diversas contribuições para seu trabalho fotográfico, uma relação de dialogo entre a poética visual e a sonoridade. Argumenta que a simetria que busca em seus registros está ligada a música, pois esta é poesia, simetria e tempo, e, assim, seriam peças que se encaixam no seu trabalho. Mesmo aposentado, Orlando Abrunhosa continua realizando trabalhos fotográficos, mas em menor escala, prefere se dedicar a música, sua outra paixão. Lançou um CD em parceria com seu vizinho, Pedro Rodrigo, e também um vídeo clipe de uma música de sua autoria Sementes[2].


[1] Foto com um centro em foco e uma explosão em volta. Atualmente, o computador faz esse efeito.

[2] O vídeo clipe está disponível no site youtube: http://www.youtube.com/watch?v=K45IGyl-iWs

 

Referências: 
Acervo LABHOI - Entrevista concedida em 05 de Fevereiro de 2007.

 

 

ISBN: 978-85-63735-10-2