Reis, Rogério (Rio de Janeiro - Rio de Janeiro)

Vida: 
7/04/1954
País: 
Brasil
Autor: 
Geovani Canuto
Campo de atuação: 
Jornalismo
Fotojornalismo
Trajetória fotográfica: 
Jornal do Brasil (Fotógrafo) – 1977-1980
O Globo – 1980
Veja – 1983-1985
Grupo F4 – 1985-1988
Jornal do Brasil (Editor) 1991 - 1996
Tyba (Fundador) – 1991 - Atual
Destaques: 
Projeto UNESCO: Our Place - The Photographic Celebration of the World's Heritage (2007)
Prêmio Nacional de Fotografia da Funarte (1990)
Foto de Carlos Drummond de Andrade sentado na praia de Copacabana que, em 2002, pelas mãos de Leo Santana tornou-se uma escultura e um dos pontos turísticos cariocas mais visitados
Fotógrafo associado à Galeria da Gávea, no Rio de Janeiro
Fotografias de Ayrton Senna para o Banco Nacional pela MPM (1985-1987)
Projeto "Surfistas de Trem" (1988)
Projeto Na Lona (1987-2001)
Projeto Microondas (2004) acervo da Maison Européenne de la Photographie, Paris.
Projeto Travesseiros Vermelhos (2006) acervo da Maison Européenne de la Photographie, Paris.
Projeto Avenida Brasil (2009)
Projeto Voo De Papel (2009)
Projeto Linha de Campo (2010)
Projeto Ninguém é de Ninguém (2011) parte da exposição coletiva Ecos híbridos, no MAC de Fortaleza.
Livro Na Lona, Aeroplano (2001); Autoria
Livro Revisitando a Amazônia de Carlos Chagas, Fiocruz (1996); Coautoria
Livro Retratos de Outono, Sextante (1999); Coautoria
Livro Só Existe um Rio, Andrea Jakobsson Estúdio com apoio da Secretaria de Comunicação do Estado do Rio de Janeiro (2008); Coautoria
Diversas exposições coletivas e individuais, disponibilizadas em www.rogerioreis.com.br

Rogério Reis é um fotografo carioca nascido em 07 de abri de 1954 e especializado em trabalhos com luz controlada. Filho de Regina Reis dos Santos e Pierre dos Santos - empresário do ramo dos transportes - viveu sua infância no bairro da Tijuca onde completou parte de seus estudos. Apesar de tentar carreiras como administração e economia, Rogério lançou-se na área de comunicação, concluindo o curso na universidade Gama Filho, em 1978. Durante a faculdade, por um breve período de tempo, morou em Lausane, Suíça, onde teve a oportunidade de fazer um curso de fotografia na Polytechnique. Vale lembrar que nesta época não era muito comum, no mercado, ter fotógrafos cursando ensino superior.

No entanto, seu primeiro contato com a fotografia ocorreu, nas palavras do próprio Reis, “de uma forma meio umbigal”. Tirava fotografias aleatórias e as revelava em seu próprio estúdio fotográfico que montara no banheiro de casa, antes mesmo de entrar na faculdade. O grande divisor de águas da sua carreira foi, sem dúvida, os trabalhos que realizou com George Racz nas oficinas de arte do MAM-RJ no início dos anos 70.

Contudo, seria em 1977 – um ano antes de terminar a faculdade – que Rogerio conseguiria seu emprego no Jornal do Brasil, ainda que designado para lavar laboratórios. Depois de algumas semanas conseguiu seus primeiros trabalhos envolvendo fotografia. Três de seus professores da faculdade trabalhavam no JB: Rosenthal Calmon Alves - que atuava como executivo do jornal – lecionava no curso de radiojornalismo; Eduardo Pinto - sub-editor da nacional - dava aula de técnicas de reportagem e Dante Gastaldoni - que trabalhava no departamento educacional do jornal. Com uma Nikkormat em mãos - presente de seu pai - e uma cabeça cheia de ideias, Rogerio Reis deu início a uma longa e primorosa jornada de trabalho, onde, num futuro não tão distante, consagraria-se como um dos grandes fotógrafos do Brasil.

Após trabalhar e aprender muito com Alberto Ferreira, o então editor do Jornal do Brasil, Reis trabalhou – também como fotógrafo – para o jornal O Globo, sob a liderança de Erno Schneider. Para Rogério, tanto este quanto aquele são duas figuras principais na formação de sua trajetória fotográfica. Uma vez que existia uma forte concorrência entre os dois jornais -“a disputa pela melhor foto” - criavam-se expectativas fotográficas em cada trabalho exigindo perspectivas diferentes dos retratistas, nas palavras do próprio Reis.

Após sair do Globo trabalhou em alguns projetos para a revista VEJA entre 1983 e 1985. Concomitantemente, surgiu, no cenário fotográfico, as grandes agências, que começaram a ser criadas desde finais da década de 70. Das mais representativas podemos citar três: a AGIL, a Câmara dos Três e a F4, sendo esta última a responsável pela continuidade de seus trabalhos. Criada em São Paulo sob liderança de Juca Martins, Nair Benedicto e Ricardo Malta, a F4 seguiu posteriormente para o Rio de Janeiro sob coordenação de Ricardo Azoury aliado a uma gama de sócios, dentre os quais Rogério fazia parte[1]. Num contexto político onde vigia a opressão do regime militar, esta nova empreitada transbordava de perspicácia, pois, nas palavras do próprio Reis, “a F4 tinha um posicionamento político claro de tentar – mais ou menos isso – cobrir as histórias invisíveis. Então a F4 começou a cobrir o ABC paulista, o movimento sindical (...). Nair, presa política, tinha toda uma condução de esquerda e a F4 vem daí, tanto quanto o sindicalismo”.

Neste meio tempo tirou fotos de Ayrton Senna para o Banco Nacional pela MPM (1985-1987) e desenvolveu um trabalho iconográfico ao falar sobre um novo “esporte” que surgia nas periferias cariocas: o surfe ferroviário. Em ‘‘Surfistas de Trem’’, de 1988, Rogério buscou retratar os perigos desta prática nos trens do Rio de Janeiro. Dois anos depois ganhou o Prêmio Nacional de Fotografia da Funarte na categoria documental, tendo sido indicado pelo fotógrafo Marcos Bonisson[2].

Com a crise financeira por qual passavam algumas das agências fotográficas, Reis se juntou a Clauss Meier, então dono da Câmara dos Três, e a Ricardo Azourye e fundaram, no ano de 1991, a Tyba Agência Fotográfica[3]. No mesmo ano que funda a Tyba volta a trabalhar no Jornal do Brasil, mas desta vez como editor.

Dentre suas ferramentas de trabalho, Rogério prioriza trabalhar com marcas como Nikon, Canon, Hasselblad e algumas Lumix. Sem discriminar o uso de edição nas imagens, o fotógrafo atenta para o fato de que a edição só não pode interferir na integridade da imagem. Suas fotografias, e a de muitos fotógrafos, que deixaram material no banco de imagens do Tyba passaram, inclusive, pelo processo de edição.

Dentre suas principais obras podemos citar: Microondas (2004), Travesseiros Vermelhos (2006), Projeto UNESCO: OurPlace - The Photographic Celebration of theWorld's Heritage (2007), Avenida Brasil (2009), Voo De Papel (2009), Linha de Campo (2010), Ninguém é de Ninguém (2011).

Em 2002 sua foto de Carlos Drummond de Andrade sentado na praia de Copacabana foi escolhida para ser base de uma escultura em bronze do poeta; feita por Leo Santana, a escultura se tornou um dos mais visitados pontos turísticos do Rio de Janeiro. Nas palavras do próprio Reis:

“É gratificante ter a foto materializada em bronze e poder contribuir para a propagação da imagem do nosso poeta maior. Normalmente as estátuas são solitárias na paisagem das cidades. Já a do Drummond é uma exceção. Ela é muito visitada e bastante fotografada. As pessoas interagem com ele, conversam com ele, fazem carícias, tiram fotos, abraçam e beijam o tempo todo. Podemos dizer que é uma estátua “viva”, que deu certo. No dia em que fiz a tal foto a idéia de levá-lo até a praia para fazer essa cena foi minha. Quando chegamos ao calçadão pedi para ele se sentar no banco da praia, o mesmo da estátua, de costas para a praia. Ele retrucou me dizendo que não ficaria bem um mineiro de costas para o mar, já que Minas não tem praia. Eu retruquei dizendo que dessa forma o leitor poderia desfrutar da imagem do poeta com a praia de Copacabana ao fundo. Ele concluiu: tudo pelos leitores vamos lá rapaz!!!!”[4].

Suas principais exposições são: Personne n’Appartient a Personne Maison Européenne de la Photographie, Paris, 2012; Na Lona, Retratos do Carnaval, Europália, Museu Internacional do Carnaval, Bruxelas, 2011; Na Lona, Retratos do Carnaval, Galeria Zoom, Paraty, Brasil, 2010; Micro-ondes, Photoquai, 1 Bienal de Imagens do Mundo, Maison Européenne de laPhotographie, Paris, França, 2007; Na Lona, Retratos do Carnaval, Soho, Art Photo Collection, Göteborg, Suécia, 2007; Na Lona, Retratos do Carnaval,  Tropenmuseum. Amsterdã, Holanda, 2006; Na Lona, Retratos do Carnaval,  Bienal Internacional de Artes Visuais de Liège, Museu de Arte Moderna e Contemporânea, Liège, Bélgica, 2006; Na Lona, Retratos do Carnaval, Brandts Museet for Fotokunst, Odense, Dinamarca, 2005; Na Lona, Retratos do Carnaval, Galerie des Ponchettes, Nice, França, 2005; Na Lona, Retratos do Carnaval, XIII Encuentros Abiertos de Fotografia, Galeria Arte x Arte, Buenos Aires, Argentina, 2004Na Lona, Retratos do Carnaval, FotoArte, Galeria AthosBulcão, Brasília, Brasil, 2004; Na Lona, Retratos do Carnaval, Danforth Museum of Art, Framingham, EUA, 2002; Na Lona, Retratos do Carnaval, Galeria Robert Doisneau, Nancy, França, 2002.

Rogério também realizou trabalhos fotográficos retratando o carnaval da cidade do Rio de Janeiro. Contudo, após anos cobrindo o “alto carnaval” – aquele voltado para o glamour da Marques de Sapucaí – resolveu concentrar-se no carnaval dito popular. Segundo Rogério:

 “Depois de anos fotografando o Sambódromo decidi - com alguns parceiros da agência F4 como Zeka Araújo - virar de costas para o sambódromo, sair da zona midiática. Foi um projeto de 15 anos que terminei após grande persistência em um período de baixa do carnaval de rua, folião era uma raridade se compararmos aos dias de hoje. (...) O Bruno Veiga, fotógrafo e sócio da Galeria da Gávea, que representa essa série do carnaval diz que esse conjunto de retratos marca o fim fotografia urbana sem culpa (...)”[5]

A compilação deste trabalho resultou na publicação de seu livro Na Lona, em 2001, que recebeu o mesmo nome do projeto fotográfico em questão. Dentre outros projetos co-autorais também podemos citar: Revisitando a Amazônia de Carlos Chagas, Fiocruz (1996); Retratos de Outono, Sextante (1999); Só Existe um Rio, Andrea Jakobsson Estúdio com apoio da Secretaria de Comunicação do Estado do Rio de Janeiro (2008)[6].


[1] Disponível em: http://www.agenciaf4.com/ Acesso em: Abril/2014

[2] Disponível em: http://digiforum.com.br/viewtopic.php?t=84897 Acesso em: Abril/2014

[3] Sobre a agência acessar: www.tyba.com.br

Este banco de imagens, envolvido com produção de fotos e exposições artísticas, ocasionalmente participa da produção de algumas exposições. Especializado em temática brasileira, conta com um acervo de mais de 40 mil imagens disponíveis online e mais de 800 mil cromos que compõem o acervo físico.

[4]Disponível em: http://digiforum.com.br/viewtopic.php?t=84897 Acesso em: Abril/2014

[5] Disponível em: http://digiforum.com.br/viewtopic.php?t=84897 Acesso em: Abril/2014

[6]Disponível em: http://www.rogerioreis.com.br/janelinha2.html Acesso em: Abril/2014

 

Referências: 
www.rogerioreis.com.br
www.digiforum.com.br
www.tyba.com.br
www.agenciaf4.com
Acervo LABHOI - Entrevista concedida em 03 de Agosto de 2012.

 

 

ISBN: 978-85-63735-10-2