Jinkings, Leila (Belém - Pará)

Vida: 
1955
País: 
Brasil
Autor: 
Marcus Vinicius de Oliveira da Silva
Camila Cerqueira
Campo de atuação: 
Fotojornalismo
Trajetória fotográfica: 
Agência Ágil Fotojornalismo
Agência Capta
Freelancer
Assessoria do prefeito Jader Barbalho
Destaques: 
Prêmio no Festival da Juventude Soviética em 1985

Leila Jinkings nasceu em 1955, em Belém, filha de Maria Isa Tavares Jinkings e Raimundo Antônio da Costa Jinkings. Seu pai era bancário e jornalista militante, sendo, ainda, uma liderança do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) na região. A atuação dele no sindicalismo e na cena política paraense teve influência no seu crescimento e nos seus primeiros contatos com fotografia ainda criança, já que era realizada por amigos de seu pai que também estavam envolvidos nas lutas. Ela tinha menos de 10 anos e observava com interesse o ato de fotografar e a câmera, que era alemã.

Em 1975, prestou vestibular para Arquitetura, acatando um pedido de seu pai que não queria que fizesse jornalismo, como desejava quando criança. Começou a ter mais contato com a fotografia no curso, que utilizava o recurso fotográfico em algumas de suas atividades, como o planejamento de projetos urbanísticos. Leila realizava também fotografias amadoras com sua família usando uma Olympus Trip, a qual foi comprada após seu casamento. Antes, usava uma câmera Kodak Instamatic, que ganhou aos 13 anos, para o mesmo fim.

Na universidade, teve contato com o movimento estudantil da UnB e participaou de greves deflagradas pela militância discente, que estava no DCE. Seu envolvimento nas manifestações, o contato com amigos jornalistas e sua paixão inicial pela fotografia se intensificou nesse período. Ela ganhou de seus pais uma câmera Pentax Mx com duas lentes uma 105 mm e uma normal, e aprendeu a manusear a câmera no curso de fotografia do fotógrafo Kim-Ir-Sem, que conheceu em uma conversa com seus amigos. Seu destaque na turma fez ele lhe oferecer seu próprio laboratório para usufruir em seus trabalhos, ainda não profissionais.

Em 1980, Leila participou da cobertura do papa João Paulo II, em Brasília, realizada pela agência Ágil Fotojornalismo. Embora tenha se aproximado da agência não trabalhava profissionalmente, pois ainda estava na faculdade. Nesse período apenas realizava alguns trabalhos sem pauta. Dentre eles, teve a cobertura da manifestação Panela Vazia, que foi seu primeiro trabalho vendido, e o trabalho com travestis em Brasília, o qual não pode concluir devido seu retorno ao Pará, após a sua formatura no curso de Arquitetura.

No Pará, ficou sendo a representante da Ágil no estado com a missão inicial de fazer a cobertura fotográfica das eleições de governadores de 1982. Cobrindo também outros acontecimentos que movimentaram o estado, como o assassinato do advogado Gabriel Pimenta, a visita do cientista francês Jacques Cousteau e o julgamento dos padres franceses Francisco Gouriou e Aristides Camio. Embora, a agência lhe enviasse o material para a realização das coberturas, seu deslocamento no Pará era difícil, por isso acordou um patrocínio com o grupo de Jader Barbalho (PMDB), que era oposição à ditadura no local, em troca concederia fotografia para eles. A ligação com a resistência ao regime não se dava apenas com o financiamento de seus deslocamentos, mas também nas reuniões de seguimentos dela, na livraria de seu pai, e na utilização de suas fotos nos periódicos O Diário do Pará, fundado por Jader, e Resistência, fundado pela Sociedade Paraense dos Direitos Humanos.

No sindicato da categoria, Leila introduziu o debate entorno da luta dos direitos autorais e da propriedade do negativo pelo fotógrafo, assunto que já vinha sendo debatido nos encontros nacionais dos repórteres fotográficos, os quais a paraense também participou. Além disso, estava inserida na discussão acerca da criação da tabela de preços mínimos para os fotógrafos que trabalhassem de freelancer.  

Após as eleições de 1982, na qual esteve envolvida na candidatura de Jader Barbalho, começou a fazer a cobertura fotográfica do governo paraense que se iniciava. Realizando, desta forma, o registro das viagens e eventos que o governador eleito participava. Porém, essa assessoria estava incluída em horas acordadas anteriormente, possibilitando, portanto, a sua continuidade nos trabalhos de freelancer, tanto para a Ágil, a qual se mantém como colaboradora até 1987, como também para a Capta (agência criada, em 1987, junto com dois fotógrafos), a qual dura até 1992, devido a problemas internos. Além dos trabalhos realizados para as campanhas publicitárias da cidade, confeccionado no laboratório criado nos altos da livraria de seu pai.

Com a legalização de outros partidos, Leila se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) junto com seu pai, o qual chegou a ser presidente regional do partido. Entretanto, com sua morte, em 1995, a paraense assumiu a presidência do partido, e chegou até a se candidatar como vereadora em Belém. Nas eleições, obteve uma votação significativa, embora não tenha sido eleita, e uma participação da juventude da cidade, a qual fez pressão para obter um cargo na prefeitura de Edmilson Brito Rodrigues, que entrava e tinha apoiado nas eleições. Mas, não conseguiu a pasta da Secretaria de Cultura, como desejava.

Mesmo tendo apoiado e participado da ocupação de uma propriedade da prefeitura, a qual os ocupantes deram o nome de seu pai, Raimundo Jinkings, nas eleições seguintes, é escolhida pelo mesmo prefeito para ocupar a pasta da Secretaria Municipal de Turismo de Belém (BelemTur). Ficou no cargo até ser convidada pelo presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) para ir trabalhar lá, isso já no governo Lula (2003-2010). Saindo de lá para ir trabalhar no Ministério do Esporte, a essa altura já filiada ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), já que os problemas internos enfrentados pelo PCB a fizeram afastar-se do partido.  Assim, começou a se envolver em assuntos políticos, afastando-se da sua prática fotográfica, a qual vinha ocorrendo desde quando começou a trabalhar na livraria de seu pai, um pouco antes do falecimento dele.

No período que fotografou, Leila Jinkings produziu um livro sobre a eleição de 1982, ganhou o prêmio A Juventude do Mundo pela Solidariedade, Anti-imperialista e pela Amizade, do Festival Mundial da Juventude na então URSS, em 1985, com uma foto do Círio de Nazaré e participou de exposições, dentre elas: a I FotoNorte realizada, em 1987, com o tema Viver a Amazônia, na qual participaram 27 fotógrafos residentes da região;  exposições organizadas pela Funarte;  a exposição internacional Mujeres Vistas por Mujeres, em 1989; e o II FotoNorte,  com o tema Amazônia, o olhar sem fronteiras.

Referências: 
http://www.fotoparaense80-90.pa.gov.br/leilajinkings.htm (acesso em 25/06/2014).
Acervo LABHOI - Entrevista concedida em 02 de Setembro de 2011.

 

 

ISBN: 978-85-63735-10-2