Eduardo Bentes Monteiro, mais conhecido como Duda Bentes, nasceu no Rio de Janeiro, no dia primeiro de novembro de 1955. Residiu alguns anos de sua juventude e infância em Copacabana. Filho de uma dona casa paranaense, perdeu o pai ainda quando criança e logo sua mãe se casou novamente, dessa vez com um engenheiro e professor carioca. Possui descendência de tradicionais famílias italiana e alemã. A fotografia fazia parte de sua vida, mesmo antes de se profissionalizar. O primeiro contato foi pela memória que ele tinha do pai falecido através das antigas fotos, nos álbuns de família.
Esse olhar para a fotografia iria ser construído mais com o tempo através das viagens do padrasto, muitas vezes para o norte do país, onde ele tirava fotos dos índios que encontrava, dos rios e de todo o ambiente. A presença das revistas ilustradas em sua vida, principalmente O Cruzeiro, também contribuiu para essa leitura, devido aos trabalhos que o padrasto fazia com fotógrafos como Jean Manzon, Zé Medeiros e do cotidiano indígena, com Villas Bôas. Sem contar que tinha uma máquina a tiracolo, onde tirava suas fotos, ainda por puro hobby.
Apesar disso, acabou ingressando no curso de Agronomia da Universidade de Brasília por uma questão de ideologia, por achar um campo em expansão e pela questão da imagem, segundo o próprio, e durante a graduação se envolveu com os movimentos estudantil e ecológico e foi expulso da universidade tempos depois. Após a expulsão, Duda recomeçou do zero, passando a morar sozinho e passou a vender cerâmica. Até que ele decidiu ir para a Bahia e começou a trabalhar como pesquisador de opinião pública em uma agência de publicidade, inserindo-se na cultura e no modo de vida baiano, de certa forma.
Ele não havia despertado ainda para a fotografia profissional, mas o caminho já vinha sendo traçado. A partir do momento que ele voltou para Brasília, tornando-se produtor de outra agência, deu-se o primeiro contato com a fotografia profissional. Entrou em contato pela primeira vez com as técnicas fotográficas e após um breve momento de sua vida vendendo livro, começou a fotografar noivas. Conheceu um fotógrafo freelancer e passou a trabalhar em parceria, assinando alguns trabalhos. Surgiu então o nome Duda Bentes.
A partir do movimento da anistia e de outros movimentos sociais, surgiu um novo cenário onde se estabeleceram as agências independentes de fotografia, como a ÁGIL[1], atuando na conjuntura de um jornalismo independente com um novo olhar, pela iniciativa de Milton Guran e outros fotógrafos. Entrou na ÁGIL como laboratorista, sendo Milton Guran sua principal referência, tornando-se sócio da agência posteriormente. A partir de então, com o nome Duda Bentes já estabelecido, realizou seu primeiro projeto de fotografia, o “Águas Emendadas” em uma reserva biológica do Distrito Federal com uma nascente de duas vertentes.
Já como sócio da ÁGIL, ele também passou a ser responsável pela direção da produção (laboratório e arquivo). E, com a saída de dois colegas que faziam cobertura no Palácio do Planalto, assumiu essa função.
Após essa conjuntura, outras coisas aconteceram. Com o advento de um movimento da fotografia e da antropologia visual, Duda Bentes se estabeleceu em definitivo como fotógrafo no Encontro Nacional de Fotografia em Ouro Preto. E, após a cobertura de Tancredo Neves, então candidato à presidência no contexto do movimento pela redemocratização, houve um incêndio na ÁGIL onde, com exceção de alguns, muitos negativos e projetos foram perdidos. A partir daí, houve uma reconstrução do espaço e o desenvolvimento de um projeto de documentação fotográfica do Movimento Campesino Brasileiro, a ser encaminhado para o Ministério da Reforma Agrária. Esse projeto foi descartado após a morte de Tancredo e eleição de Sarney para a presidência. Com o projeto deixado de lado, Duda decidiu voltar a fazer faculdade, alguma que pudesse dialogar com a fotografia. Foi para o curso de Ciências Sociais na Universidade de Brasília onde travou contato com discussões sobre antropologia visual.
Durante esse tempo, ele iniciou uma pesquisa no Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico e surgiu a ideia da montagem de um Museu Vivo da Memória Candanga, a partir de fotos do acervo do fotógrafo Mário Fontenelle. Duda Bentes foi convidado a organizar esse acervo. E, não apenas isso, foi convidado também para integrar um projeto do CNPQ, ganhando o prêmio Marc Ferrez em 88. Após sua saída da ÁGIL, passou a trabalhar no Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico do Distrito Federal. Entrou para o mestrado em Comunicação, sendo convidado para dar aula como professor substituto de fotojornalismo e fotografia[2]. Atualmente, é professor de comunicação da UNB.
[1] AGIL Fotojornalismo ou Agência Imprensa Livre Ltda
[2] http://lattes.cnpq.br/0527141356244068. Acesso em 01/07/2014