GAUDITANO, Rosa (São Paulo - São Paulo)

Vida: 
3/04/1955
País: 
Brasil
Autor: 
Mateus Lopes
Campo de atuação: 
Fotografia documental
Fotojornalismo,
Fotografia política
Trajetória fotográfica: 
Fotógrafa contratada do Jornal Folha de São Paulo (1984)
Fotógrafa contratada Revista Veja (1985-1986)
Proprietária da Fotograma Fotojornalismo e Documentação e do projeto Nossa Tribo.
Free lancer em várias revistas (Revista Claudia, Trans Brasil, Ícaro, GoodYear),
Destaques: 
Prêmio Abril de Fotojornalismo (1986)
Livro: Índios - Os Primeiros Habitantes (1998)
Raízes do Povo Xavante (2003)
Festas de Fé (2004)
Povos Indígenas (1992)
Imagens do Cotidiano Indígena (1993)
Nossa Tribo (1997)
Aldeias Guarani Mbya na Cidade de São Paulo (2006)

Rosa Gauditano nasceu em 03 de abril de 1955 em São Paulo-SP. Filha de pai italiano, Giovani Gauditano e mãe brasileira, Lucia Vampré Gauditano, Rosa cresceu em um lar de classe média, junto com os três irmãos (Carmine, Diana e Giancarla Gauditano). Estudaram em escolas do bairro onde moravam e aos 17 anos entrou na faculdade de jornalismo Alcantara Machado. Aos 18 anos começou a fazer o curso de fotografia na Enfoco e a trabalhar em uma galeria de artes. Nessa mesma época, por divergências com o pai, Rosa fugiu de casa e decidiu viver o sonho de trabalhar com fotografia.

Em 1976, Rosa começou a trilhar seu caminho dentro da fotografia. Foi quando conheceu o jornalista Marcos Faerman, que atuava no Jornal da Tarde em São Paulo. Marcos, ou Marcão, como ela o chamava, convidou-a para uma reunião de pauta do jornal Nós Mulheres, que funcionava em Pinheiros-SP. Marcos Faerman fundou posteriormente o jornal Versus e convidou Rosa para trabalhar com ele. Ela se tornou então fotógrafa oficial do jornal. Logo após isso abandonou seu trabalho na galeria e passou a atuar somente no Versus e como free lancer cobrindo movimentos sociais. Nesse momento Rosa começou a se aproximar do MNU (Movimento Negro Unificado), fez a cobertura das primeiras greves do ABC Paulista e fotografou a primeira manifestação do MNU em 1978. Rosa se identificava com esses espaços por sempre ter tido uma postura mais subversiva desde sua adolescência.

Rosa passou a participar também de grupos sindicais que buscavam por direitos e melhores condições para a classe de fotógrafos em São Paulo. Nesse momento conheceu a União de Fotógrafos de São Paulo, lá teve contato com Nair Benedicto, Cristina Villares, Marisa Carrião, dentre outros. No início da década de 1980 Rosa começou a trabalhar para a grande imprensa da época. Atuou na Folha de São Paulo nos primeiros anos da década de 1980 e em 1985 fez sua primeira cobertura pela Veja, a posse do presidente eleito Tancredo Neves.

Após sair da Folha, Rosa, seu então marido na época, Emídio fundaram a Fotograma Fotojornalismo e Documentação. A empresa teve como sócios nomes Ed Viggiani e Jorge Rosenberg, seu ex-chefe na Veja. Foi com a Fotograma que Rosa se aprofundou em fotografar o Brasil, suas festas populares e práticas culturais. Foi em 1989, em Altamira-PA, que Rosa se viu imersa no que eram as comunidades indígenas no Brasil. Participou do primeiro encontro de ONGs que lutavam pelos direitos indígenas no Brasil, conheceu a tribo dos Caiapós. Nesse mesmo evento conheceu Ailton Krenak, Davi Yanomami. Em 1991 fez sua primeira capa sobre tribos indígenas no país e se tornou fotógrafa do Núcleo de Cultura Indígena.

Rosa via na sua relação com as tribos indígenas não somente uma questão de exposição de um modo de vida não urbano, mas uma relação de reciprocidade, uma troca, entra ela e os indígenas que ela fotografava. Foi devido a essa conexão que ela criou em 2004 a Nossa Tribo. Através da Nossa Tribo Rosa lançou livros e programas sobre a cultura Xavante, seus rituais, auxiliou no processo de formação de alguns integrantes da tribo. Seus documentários foram selecionados para a Mostra de Cinema de São Paulo, em 2006, e Mostra de Cinema de Gramado em 2008. Foi através do seu trabalho na Nossa Tribo que Rosa se aprofundou na problemática política brasileira em relação aos povos indígenas e utilizou não somente de sua organização, mas também de suas publicações com fim de conscientização sobre os embates gerados pelo governo e pelo agronegócio em relação aos povos indígenas, principalmente no Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Era através dos seus trabalhos voltados para as populações indígenas que Rosa via a oportunidade não somente de retratar práticas culturais e a beleza dos povos nativos, mas mostrar para o mundo as crises humanitárias que estas tribos passavam, principalmente devido ao avanço do setor da agropecuária e do agronegócio. Como os embates entre indígenas e fazendeiros devido a disputa por demarcação de território foi potencializado nos últimos anos, onde a população nativa foi e é ainda a mais prejudicada. Rosa se tornou, involuntariamente, uma ativista política pelos direitos dos povos originários e todo esse processo foi muito desgastante para a sua trajetória como fotógrafa no Brasil. Hoje, morando em Londres, ela busca trazer um olhar de fora sobre a pauta indígena e assim propor alguma perspectiva de mudança.

Dentre seus próximos projetos estão inclusos uma amostra sobre mulheres nos movimentos sociais do  Brasil e uma exposição no Museu de Fotografia de Paris sobre seus trabalhos principalmente com as tribos Xavantes e Guarani-Kaiowá. Suas obras de maior reconhecimento são as mostras: Povos Indígenas (1992); Imagens do Cotidiano Indígena (1993); Nossa Tribo (1997); e Aldeias Guarani Mbya na Cidade de São Paulo (2006), está que deu origem a um livro de mesmo nome trazendo foco para a conturbada e violenta convivência entre os povos nativos e os grandes latifundiários.

Referências: 
Sem referência

 

 

ISBN: 978-85-63735-10-2