Acervo Trajetórias Docentes
Ana Luiza Neves de Oliveira foi bolsista do Pibid no Subprojeto História UFF – 2014 (Entrega do memorial – 11/2017)
Relato MEMORIAL PIBID
A experiência e vivência escolar são parte fundamental na formação de novos professores. Ela desperta desejo, vontade e mostra que apesar das dificuldades e da desvalorização do trabalho do professor, a educação é um dos pilares na formação de cidadãos críticos, sensíveis e que respeitem a diversidade.
Nossa formação como professores de história não tem seu início ao iniciar o curso de licenciatura, mas sim a partir da troca estabelecia anteriormente, quando se ainda está exercendo o papel de educando. Essas relações estabelecidas ainda na educação básica são de extrema importância para pensar a prática docente. Todos temos um professor favorito, alguém que mexeu com nosso sentimento e nos fez repensar toda a estrutura econômica e social da sociedade em que vivemos. A relação estabelecida entre ambas as partes favorece o aprendizado e também pode influenciar a formação de novos educadores, como no meu caso. Mais especificamente não foi bem uma professora ou professor de história que me despertou para um pensamento crítico e me possibilitou imaginar um dia estar em seu lugar como professor. Foram um professor de sociologia e uma de filosofia que quebraram minhas barreiras e me fizeram enxergar um mundo que até então eu não conhecia ou preferia ignorar.
O contato com esses professores, durante o 1 ° e o 2° ano do Ensino Médio no Colégio Pedro II - unidade São Cristóvão, podem ser tidos como uma das principais influências para minha escolha profissional. E ter uma professora, também negra, falando sobre estética, racismo, preconceito, formações de padrões entre outras questões, me fez perceber que eu poderia ser mais, que a possibilidade do estudo não estava tão longe assim quanto eu imaginava e principalmente que esse também poderia ser meu lugar.
Falar sobre professores trás a tona muitos sentimentos que só percebemos ao exercer esse retrocesso através da escrita. Acredito que seja papel do professor despertar sentimento. Não digo sentimento de forma banal, mas sensibilidade. Ao assistir as aulas de filosofia e sociologia durante o ensino médio era isso o que me encantava, a capacidade de despertar em mim sentimentos que nem eu sabia que estavam ali.
A experiência do PIBID, representa para a minha formação mais do que a possibilidade de vivenciar a prática escolar de forma pensada, mas a possibilidade de repensar minhas concepções a respeito do que é ser professor e principalmente sobre que tipo de professora almejo ser.
Ter participado e atuado na EJA pelo PIBID EJA interdisciplinar História e Geografia me deu uma noção mais ampla do conceito de educação e principalmente sobre as dificuldades e desafios que o ensino público sofre com sua constante desvalorização. Minha ação nas turmas de EJA e de ensino médio regular foram realizadas no Ceguib. As diferenças no ensino noturno são evidentes tanto no currículo mínimo, no livro didático, quanto na estrutura que a escola fornece aos alunos da EJA. Bibliotecas que não funcionam em horário integral, espaços fechados, falta de atividades culturais são alguns dos exemplos que pude perceber entre essas duas modalidades de ensino.
O aluno da EJA tem a particularidade de trazer sua experiência de vida para a sala de aula, o que torna o ensino dinâmico. Os conflitos e as questões percebidas em sala de aula durante minha participação no projeto, mostram o quanto as tensões presentes na sociedade perpassam o ambiente escolar. Um exemplo de atividade organizada e pensada nesse contexto foi a realização de uma roda sobre diversidade religiosa com alunos do 1º ano do ensino médio regular. Cada grupo de alunos apresentou para a turma uma forma de religiosidade como o Islamismo, Budismo, Cristianismo e Umbanda e Candomblé. Apesar de algumas reações enérgicas em alguns momentos, a roda de conversa teve como principal tema o respeito ao outro. Os resultados da atividade foram tão positivos para os alunos, que se organizaram e solicitaram a continuação das rodas sobre diversidade nos mais variados temas.
Atividades como essa são frequentes no PIBID e possibilitam trocas entre os professores e alunos que são essenciais para a construção de uma educação crítica e que respeite a diversidade.