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Fotografia Pública nas pesquisas sobre o Pós-Abolição

 

Neste circuito associa-se fotografia pública aos estudos da memória e história afrodescendente no Brasil, com destaque para o período pós-abolição. Trata-se da renovação historiografia promovida pelos estudos desenvolvidos pela linha “Memória, Africas, Escravidão” do Labhoi em sua pareceria com o NUMEM da Unirio, já implementada em projetos anteriores  financiados pela FAPERJ.  Considera-se nesse circuito uma variedade de experiências fotográficas resultantes desde o consumo do retrato presentes nos álbuns de família oitocentista até a produção de fotografias em situação de autoridade compartilhada nos projetos de pesquisa com temáticas identitárias.

 

Arquivo Fotográfico do Projeto Passados Presentes

Em 1994, Ana Lugão Rios, Hebe Mattos e Robson Martins iniciaram uma série de entrevistas e depoimentos do projeto Memórias do Cativeiro. A Interação com as comunidades jongueiras e quilombolas resultou ao longo dos anos em experiências de escritras videográficas da história e trocas de saberes. Atualmente, o Projeto Passados Presentes representa o conjunto de materiais de pesquisas gerados no decorrer do desenvolvimento de projetos de pesquisa sobre o Pós-Abolição da linha de pesquisa "Memória, Áfricas e Escravidão".  Passados Presentes é um projeto voltado para o estudo comparado de alguns aspectos da diáspora africana engendrada pelo tráfico (já ilegal) de escravizados africanos para o Brasil no segundo quartel do século XIX  e das formas como as memórias e experiências dessa violência tem sido politicamente interpretada em termos de relações de trabalho, processos de racialização e direitos de cidadania nos dois lados do Atlântico ao longo do séculos XIX, XX e XXI. Na área "Arquivo Fotográfico do Projeto Passados Presentes" é possível encontrar organizado como coleção específica fotografias que registram nosso trabalho de pesquisa de história oral com comunidades remanescentes de quilombos do Rio de Janeiro e Minas Gerais, desenvolvido entre 1994 e 2019. 

 

Projeto Camargo

Desde o final de 2023 a professora Martha Abreu  tem se dedicado prioritariamente ao projeto que envolve a busca de um navio escravagista afundado propositadamente, em 1852, em Angra dos Reis, próximo ao Quilombo do Bracuí.  Intitulado Do Quilombo do Bracuí ao Naufrágio de um Navio Escravagista, o projeto foi impulsionado pela parceria com o Slave Wrecks Project, uma rede internacional de instituições que desenvolve arqueologia subaquática e pesquisa histórica sobre navios escravagistas e tráfico atlântico de escravizados (https://nmaahc.si.edu/explore/initiatives/slave-wrecks-project).  O projeto faz parte das ações do Museu Nacional da História e Cultura Afro-americana do Smithsonian/EUA e no final do ano de 2024 recebeu também o apoio do Ambassador Found, um programa do Consulado Americano no Brasil. Na área "Projeto Camargo" é possível encontrar a coleção de arquivos que integram o projeto.

Sobre o projeto:

Em dezembro de 1852, o brigue norte-americano Camargo afundou em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Desde 1850, o tráfico já estava definitivamente proibido no Brasil, mas no litoral sul fluminense os senhores do negócio e de escravizados, continuaram tentando burlar a Lei. O brigue Camargo era comandado pelo norte-americano Nathaniel Gordon e conseguiu trazer aproximadamente com 500 africanos escravizados vindos de Moçambique. Segundo relatos oficiais, para fugir das autoridades brasileiras, Gordon teria incendiado o Camargo. Pelos registros da memória dos quilombolas, o naufrágio teria causado a morte de centenas de africanos. A memória dos quilombolas foi fundamental para a localização exata do navio. O planejamento das atividades da pesquisa, em mar e em terra, conta com a parceria da comunidade do Quilombo do Bracuí e envolve a criação de um centro de memória do tráfico e da escravidão no Brasil no local. O quilombo do Bracuí, situado em Angra do Reis (RJ) foi, e ainda é, palco de muitas lutas de trabalhadores descendentes de africanos escravizados. Na defesa de direitos, seus moradores transformaram em bandeira de luta e afirmação da identidade quilombola a sua própria história, a vigorosa tradição oral e o patrimônio do jongo (expressão de dança, canto e versos diretamente ligados ao legado africano no Brasil). 

 

Publicações/Noticias em jornal

Com o tema da pesquisa em foco, “Do Quilombo do Bracuí ao Naufrágio de um Navio Escravagista: Pesquisa e História pública”, ministrei a aula inaugural do curso em 22 de março de 2023 e, em 2024, algumas palestras inclusive no exterior, na Universidade de Michigan.  Uma primeira publicação de divulgação do projeto “Camargo”, saiu na Revista Ciência Hoje, em julho de 2023: Um navio escravagista em Angra dos Reis. Em 2025 publicamos um pequeno livro  Memória, História e Reparação, registrando todos os passos da pesquisa no mar e em terra sobre o Camargo

Ainda em 2024, diversas reportagens foram divulgadas, como no Programa Fantástico,  29 de dezembro,  em uma longa matéria do Washington Post de 31 de março de 2024 (https://www.washingtonpost.com/history/2024/03/31/camargo-us-slave-ship-brazil/). O site do AfrOrigens dá uma ótima ideia de todos os desdobramentos públicos da pesquisa. (https://afrorigens.com.br/afrorigens-na-imprensa-in-the-news/).  

 

Links associados ao projeto

https://afrorigens.com.br/  caso 1 - Brigue Camargo).

Mais informações sobre a Comunidade do Quilombo do Bracuí,  acesse  http://passadospresentes.com.br e busque quilombo do bracuí no instrumento de busca.

Informações sobre comunidade podem ser encontradas também em: https://lehmt.org/lmt109-quilombo-do-bracui-angra-dos-reis-rj-martha-abreu-e-hebe-mattos/

 

Atualmente a professora Martha Abreu tem Bolsa Pesquisador  visitante Faperj na UFF/UERJ, com projeto  intitulado "Do quilombo do Bracuí ao navio escravagista Camargo”, também apoiado pelo Slave Wrecks Project que financia as missões anuais do trabalho arqueológico e histórico no quilombo do Bracui.