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Fotografia Pública de Governo

 

O circuito ‘Fotografia Pública de Governo” investiu em duas importantes frentes:  a montagem da exposição “Artes do Retrato: Variações do Olhar”, realizada no Museu do Ingá, Niterói, no período de 4 de fevereiro a 30 de julho de 2023, voltando-se para a proposta de extroversão dos acervos dos museus estaduais, a partir de uma abordagem que valorize a relação da fotografia com os seus públicos. Embora os acervos trabalhados abarcaram um amplo universo de imagens pictóricas, para a finalidade do nosso projeto, investiu-se na valorização da presença da fotografia nas instituições estaduais; e uma segunda frente voltada para o arquivo da Agência Nacional, depositado no Arquivo Nacional

 

Arte do Retrato - Variações de olhar

 

   

Retratos de coleção

A exposição objetivou apresentar um panorama da história do retrato no Brasil, do século XIX à atualidade, fundamentado em um recorte temático das coleções dos museus estaduais vinculados à Funarj. Destaca-se a relevância das coleções formadas ao longo dos anos pela atuação da Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro Funarj foi devidamente dimensionada pela realização da exposição Arte do retrato: variações de olhar.

O retrato se define pela afirmação do indivíduo como tema da cultura visual. Historicamente, foi entre os séculos XV e XVI que o gênero artístico se constituiu no universo da pintura ocidental. Ao se caracterizar pela busca dos traços individualizantes do retratado, essa arte participou do processo histórico de desenvolvimento do indivíduo e do reconhecimento da subjetividade como elemento da condição humana, distinguindo o destino pessoal do destino coletivo e refletindo sobre suas interações.

Antes da afirmação do retrato como gênero artístico, a representação do indivíduo era tratada como mais um elemento figurativo na composição de cenas sustentadas na tradição narrativa ou alegórica. Foi pela pintura que os retratos ganharam formas e destaque social. Foi, porém, pela fotografia que o gênero se renovou e ultrapassou as fronteiras entre classes sociais, promovendo a circularidade cultural no século XX. Em tempos recentes, a fotografia digital forneceu a moldura da era dos selfies, fazendo com que o retrato ganhasse difusão massiva e presença constante no cotidiano.

Ainda que se possa considerar o retrato como expressão antiga e consagrada, a história do gênero artístico evidencia a pluralidade de suas formas e significados, renovados pelas transformações históricas em torno do papel do indivíduo na sociedade. A pluralidade dos modos de ver que se inscreve nas variações da arte do retrato é o motivo principal desta exposição, caracterizando a multiplicidade de olhares construídos em distintas práticas artísticas, o que favorece o diálogo entre épocas históricas e a aproximação da pintura com a fotografia. Numa época em que a produção de retratos está acessível a quase toda a gente, espera-se que a reflexão sobre esse gênero artístico inspire suas variações contemporâneas.

Vale ressaltar que a exposição pretendeu chamar atenção para a riqueza das coleções dos museus do estado do Rio de Janeiro. De um lado, apresentou-se obras reconhecidas pela crítica de arte e de maior circulação social, mas igualmente obras que foram mantidas distantes do acesso público. Para compor a exposição foram pesquisados os acervos das seguintes instituições:  FUNARJ, Casa da Marquesa de Santos, Casa de Cultura Laura Alvim, Casa de Oliveira Vianna, Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, Museu Antônio Parreira, Museu Carmen Miranda, Museu do Ingá.

Para visualizar as duas séries de fotografia da seção Retratos de Coleção”, devidamente identificadas e acompanhadas do texto dos curadores, juntamente com os demais textos da exposição e material da divulgação acesse:

 

Texto dos Curadores

Retrataos de Coleção BANERJ

 
 
 
Arquivo da Agência Nacional
 
Fotografia Pública de Governo no Arquivo Nacional: o acervo fotográfico da Agência Nacional nos governos Vargas
 

A Agência Nacional foi instituída em 25 de maio de 1945, quando da extinção do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Criado em 29 de dezembro de 1939, competia ao DIP a elucidação da opinião nacional sobre as diretrizes doutrinárias do regime, em defesa da cultura, da unidade espiritual e da civilização brasileiras. Sucessor por sua vez do Departamento de Propaganda e Difusão Cultural criado em 1934, o DIP é extinto em 1945 com o fim do Estado Novo. Nesse ano é criado o Departamento Nacional de Informações (DNI) integrado pela Agência Nacional, responsável pela distribuição de noticiário e serviço fotográfico à imprensa da capital e dos estados. No ano seguinte o DNI é extinto, mas a Agência Nacional é mantida até 1979 com a criação da Empresa Brasileira de Notícias.

Em 1982 os negativos fotográficos da Agência Nacional foram recolhidos ao Arquivo Nacional junto com um fichário contendo informações como data e nome dos fotógrafos. Esses negativos, que somam mais de 310 mil itens, têm como datas-limite os anos de 1939 a 1982 e estão organizados na série Fotografias, em oito subséries: Aeronáutica, Estado-Maior das Forças Armadas, Eventos, Exército, Força Expedicionária Brasileira, Marinha, Pessoas públicas, Presidentes da República. Em 2010 o acervo da Agência Nacional foi reconhecido como patrimônio documental pelo Programa Memória do Mundo da Unesco Brasil.

Graças ao projeto Informação sob controle: ações de preservação e acesso a acervos de memória política e social sob guarda do Arquivo Nacional, desenvolvido com financiamento do BNDES, entre os anos de 2015 a 2017, os negativos fotográficos da Agência Nacional foram organizados, conservados e digitalizados. A partir da recente disponibilização desse amplo material propõe-se, nesse projeto, uma reflexão sobre a produção da imagem de Getúlio Vargas e dos modos como essa representação é construída fotograficamente em diferentes momentos, do Estado Novo ao período democrático. Evidencia-se uma presença ostensiva e intensiva do presidente, seja nos registros que exploram maciçamente a sua figura pública, seja nas imagens ausentes, aquelas em que é o povo brasileiro que dá a ver as políticas do seu governo.

O tratamento do acervo fotográfico seguiu três abordagens diferenciadas: o artigo da pesquisadora Claudia Heynemann a presença das fotografias no arquivo; Maria do Carmo Rainha se debruça sobre a produção fotográfica de Jean Mazon como o fotografo do Estado Novo e Maria Elizabeth Brea analisa a trajetória de Harald Schultz como fotógrafo e cinegrafista no Departamento de Propaganda e Difusão Cultural-DPDC