Memórias da Multidão: o Quebra-quebra das Barcas e as Lembranças da Política
Capital do antigo Estado do Rio de Janeiro, Niterói sempre teve sua história intimamente ligada à cidade do Rio, antigo Distrito Federal. A estação das barcas era o centro nervoso de ligação entre as duas cidades. Em 1959, ocorreu em Niterói uma revolta popular que teve como foco o serviço de transporte marítimo que fazia ligação com a cidade do Rio de Janeiro. A greve dos servidores da empresa levou à convocação dos fuzileiros navais que não conseguiram conter a insatisfação dos usuários das barcas. Após o início do motim, a estação foi incendiada e a multidão saiu pelas ruas, dirigindo-se para as casas da família dos proprietários da empresa e deixando um rastro de violência e destruição na cidade. O fato transformou o quadro do transporte púbico em Niterói, levando a estatização do serviço de transporte marítimo e ao fim do transporte de bondes na cidade. A imprensa registrou fartamente os acontecimentos.
Um curso de graduação do LABHOI em 2002 produziu nova releitura da memória urbana sobre o acontecimento. O projeto teve como base o levantamento do material escrito e fotografias da imprensa de época e a produção de uma coleção de entrevistas com testemunhas que acompanharam de perto o desenrolar dos fatos. De um lado, pretende-se enfatizar como um acontecimento serve para problematizar a ordem social geral da cidade. De outro lado, a identificação de diferentes narrativas permite reunir dados sobre as características do movimento, bem como tratar as relações entre memória e política, a partir de um estudo de caso. A hipótese geral é de que em torno do quebra-quebra das barcas de Niterói de 1959 se apresenta um quadro de disputa de memórias marcadas pela clivagens político-partidárias da época.
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